Borboleta Psicodélica

Nunca haverá um momento mais eterno do que o hoje
Nenhum pensamento do futuro pode se comparar com o agora

Enquanto me perco em pensamentos soltos eu sinto medo
Um certo receio de nunca conseguir chegar ao sonhado destino
Como se a vida fosse uma corrida onde preciso ser o vencedor

Não queria andar, muito menos correr, mas agora me vejo tão distante
Tão longe de quem quer que seja...

Para a minha própria segurança me esqueci do que era amor
Só pensaria nisso quando conquistasse meu sonhado sonho
Sonho que a mídia, as pessoas, o mundo disse para sonhar
E eu sonhei e fui o melhor em sonhar como me mandaram

Me perdi e agora ainda estou perdido
Apesar de estar distante de tudo que me faz mal
Mas agora sou eu o mal que faz mal
Ninguém se aproxima de mim por eu estar alto demais
Em um pedestal que eu criei como se eu fosse um santo

Nas ladeiras da vida eu tive que ser muito forte pra chegar aqui
E não podia ajudar nem pedir ajuda
E sou nada mais do que um pedaço de carne com um pouco de alma
Que não consegue enxergar a sutileza de um sentimento

A unica coisa que eu ainda sinto é o medo de voltar para onde comecei
Um medo que me ensinaram que é bom ter
Que regredir é algo inaceitável como matar, é um grande pecado
Mas quem sou eu para deixar de seguir as opiniões dos outros?
Quem é capaz de dizer algo diferente deles?

Enquanto não houver resistência o mundo será de certa forma completo e pleno
Mesmo quando não nos permite sonhar ou sonhar os sonhos deles
Consumir, gastar e vencer para nunca deixar de ser ou ter

Sou um pedaço de um numero
Um corpo que vaga
Que não sente a sutileza do bater do coração...

Era um garoto que achava que conhecia o mundo
Havia um rapaz que acreditava no amor das pessoas
Um dia os dois se viram sozinho à meia noite
Em algum lugar que eles decidiram se perder pelo mundo

Aos poucos foram querendo descobrir novas maneiras de se iludir
Ir para o mais longe continente e fingir que era feliz
Estranhos acontecimentos e sentimentos
No meio da sombra que criaram em seus olhos eles só queriam mais uma vez

Os dois quebraram seus corações algumas vezes
Só mais uma vez não era o suficiente
Se perderam no meio de beijos e abraços de outros corpos
Estranhos que esperavam alguma coisa acontecer na escuridão

Nunca deixaram de procurar no meio da tempestade
Momentos que pudessem se tornar eterno
Nunca pararam de acreditar no mundo que vivem
No meio da cidade eles se reencontraram

Sozinhos naquela sala que parecia um castelo eles se abraçaram
Falaram sobre todo o passado e o que tinham pensado para o futuro
Não eram mais estranhos que esperavam o mundo acontecer
Já era tarde e eles dormiram juntos como nos velhos tempos

Só mais uma vez, só mais uma hora, só mais um momento
Na praia eles falaram que a vida iria continuar e nada iria mudar
Estavam livres para serem quem queriam ser

Era um rapaz que vivia pelo mundo correndo a procura de uma emoção
Era um homem que já estava cansado da dor que as pessoas lhe deram
Mas nunca deixaram de acreditar
Mas nunca se permitiram se abandonar

Agora correm pelo rio da esperança
Navegando em marés estranhas, mas marés que renovam
E agora chegaram em um porto que não sabem para onde serão levados
Deixando o rio os levar pelos destinos

Esses dois corações sabem que a vida não seria a mesma
Sem estarem juntos seguindo pela estrada de mãos dadas
E agora é o primeiro mês
E as portas estão se abrindo para o sol entrar

Todo esse tempo eles só queriam um pouco de orientação
E a bussola que os guia é o coração deles!

Algumas lágrimas caem em silêncio e só podem ser vistas por quem já chorou
Dentro da verdade que todos vivem nada é capaz de nos enganar
Há portas que nos levam ao caminho errado e outras que nos fazem voltar para onde estamos
Eu posso ver nos olhos e sentir em corações aflitos a dor
Quem somos nós a não ser simples pessoas prontas para desistir e deixar de sonhar?